terça-feira, 10 de junho de 2008

DEMOEX, DEMOCRACIA LÍQUIDA E DEMOCRACIA DIGITAL NO SÉCULO XXI

A moderna tecnologia digital construiu incontáveis redes digitais computadorizadas que já podiam viabilizar, hoje, o voto direto, diário e interativo. Quero dizer, qualquer cidadão poderia votar, através da rede TCP/IP. Todavia, ainda que seja relativamente fácil colocar os mais longínqüos pontos do planeta em conexão permanente com a internet, é preciso que haja um grande investimento de capital para que isso ocorra. O acesso à internet está disseminado em locais como instituições de ensino, repartições públicas, companhias privadas, agências de notícias e bibliotecas, porém são relativamente poucos os cidadãos com acesso caseiro (14,1 milhões em março/2003, contra 126 milhões de eleitores em outubro/2006), em se tratando de Brasil. Uma maneira hábil para contornar esta situação seria a utilização de redes digitais já existentes e mais abrangentes, como por exemplo as lotéricas (atualmente, no Brasil, é possível enviar diversos tipos de informação ao aparato governamental via lotéricas, como a declaração de isenção do imposto de renda). Outra alternativa viável seria o voto por celular.
Como todas as outras formas de votação, estas também têm um ponto fraco: autenticação. Para tornar possível o sonho da tele-votação ou do e-voto (ou seria vot@ção?), precisamos torná-los seguros o suficiente para que nossos políticos (em se tratando de Brasil, seria mais sensato deixar a decisão a cargo do Supremo, não acham?) não olhem de esgueira para eles, com um olhar de desconfiança e com medo de perder seus nacos de poder.
Mas . . . espere um pouco: como é feita a autenticação de voto aqui no Brasil? Ora, dirão os entendidos, é feita por meio da assinatura! Sem dúvida, um método falho, pouco sofisticado e sujeito a . . . falsificação! Não importa que digam que a assinatura é presencial ou que os eleitores reunidos diminuem o risco disso acontecer, a grande falha no atual sistema é a falta de uma leitura biométrica que autentique que quem está votando é mesmo a pessoa que está com o nome no título eleitoral! Por que então não vemos nossos políticos olharem de esgueira para o método, aquele mesmo olhar de desconfiança e medo que têm quando se fala em voto digital?
A resposta é realmente muito simples: cultura digital. É a medida em que as pessoas que usam tecnologia (no caso a internet) atingem uma massa crítica forte o suficiente para mudar a sociedade e, por tabela, as estruturas do poder. Foi assim com a eletricidade foi assim com a televisão, foi assim com os celulares e será assim com a web.
Aí chegamos no meu assunto favorito: demoex.
Mas afinal, o que é isso? Reproduzo aqui o que coloquei em uma comunidade que criei especialmente para o tema:
“Demoex é uma experiência em democracia direta eletrônica, com votações pela internet, criada por um grupo de professores e alunos, online, que criaram um movimento, sem ideologia, plataforma ou sede física, que tinha somente uma promessa: a democracia direta. Raciocinemos: o número de decisões democráticas multiplicado pelo número de votantes. Na capital do menor e mais isolado estado da federação, em Macapá (for exemple), cerca de 200 mil eleitores votam nas eleições municipais a cada 2 anos e cerca de 20 pessoas votam – em nosso nome – umas 100 vezes/ano sobre diversos temas, alheios ao conhecimento da maioria. Em conjunto isso representa 90000 votos/ano. Suponhamos agora que, com o uso do demoex, apenas (!)50 temas sejam votados num ano, e que apenas (!)10% da população se interessasse e participasse deles. Então teríamos 1000000 votos/ano, uma quantidade mais de 11 vezes maior!Iniciativas similares estão borbulhando em todos os lugares do mundo, nos mais distantes rincões! No Amapá não poderia ser diferente!Mais em Demoex Homepage: http://demoex.net/en/
Bom é isso! Na Suécia, esse projetojá desenvolveu a tecnologia de computação, e o software para votações através da internet, que está em operação experimental na cidade de Vallentuna, um subúrbio de Estocolmo. Também é usada pelo The World Parliament Experiment. Os primeiros anos das atividades do Demoex foram avaliados pela Universidade Mitthögskolan, em um ensaio sob o título de Flexible representation by use of delegated voting - a case study of practical use, elaborado por Karin Ottesen, 2003. Na Itália já opera o projeto Listapartecipata, que tem como seu lema "O controle do governo nas mãos do Povo (e não somente no dia das eleições)", e cujos princípios são muito similares ao do demoex.
Qual a ideologia do grupo? A ideologia do grupo é não ter ideologia. Em outras palavras, embora os seguidores do demoex não assumam nenhuma posição política, todos defendem a idéia de ampliar a democracia nas sociedades, sob o argumento que a atual tecnologia já superou a política e de que, pode ser colocada em prática através de um construto intelectual chamado Democracia Líquida (apenas para lembrar: na DL, as votações são para mandadto específico em determinada questão). Isso suscita grandes perguntas: Qual a “profundidade” da nossa democracia? Isso seria o sonho de Karl Popper, de uma sociedade aberta? Comos seríam os sistemas de votações? Seríam complexos, haveria muita estaística e estimação e menos propaganda? Mais conteúdo? E como os partidos tradicionais recebriam um projeto desse? De braços abertos ou com alguma resistência?
O fato é que já há iniciativas similares no mundo, nos mais distantes rincões. E nem é tão caro como se parece: para políticos comprometidos com a causa, bastaría criar uma página de acompanhamento no orkut e saber, através de enquetes feitas antes das votações, o que seu eleitorado pensa a respeito.
Já temos os mecanismos. Falta apenas a Vontade.
Nas próximas semanas estarei me aprofundando no assunto com vocês.

Beijos no coração de todos!

Um comentário:

Unknown disse...

Concordo com vc, mas em relação ao texto da comunidade, acho que devemos sim nos candidatar para então implantar o DEMOEX, se formos fazer campanha para consientizar os politicos, é mais facil que nós sejamos eles