quinta-feira, 6 de novembro de 2008

UM HOMEM CHAMADO JESUS

Já me disseram que, quando o Amor torna-se grande demais, faltam as palavras.
Então, o que vos falaria dEle, que já não saibais? E como faria isso?
Como falar dAquele que era e é, o Primeiro Verbo?
Ele, que é o Primeiro Verbo, me chamou de irmão! Logo eu, que era apenas uma sílaba,
Pronunciada num ontem qualquer... como falar-te?
Eu, que me contentaria com Sua lira, a que ele segurava enquanto Suas mãos eram pregadas e sangravam, Deu-me uma canção!
E, em sua canção, Sua Voz buscou meu espírito afogado... e fui trazido de volta à praia.
E Suas palavras tomaram forma dentro de mim,
E eu me tornei um homem novo!
Antes um Homem, pois o que havia era apenas um farrapo humano de imundície
Hoje não ‘tenho’ mais uma alma. ‘Sou’ uma Alma Vivente, que tem um corpo!
Como pude ser tão cego, por tanto tempo?
Como não me dei conta que havia crucificado meu Príncipe, minha Redenção?
Como cantar, senão como o canto do pássaro,
Que canta enquanto seu ninho queima ao vento?
Eu não nego a Verdade que me faz chorar,
Mas é difícil segurar a lágrima que essa Verdade traz...
Portanto, chorai comigo, vós, filhas de Israel! Mandai que o vosso coração derreta,
E que subam lágrimas de sangue até Sião, pois matamos nosso Messias!
Matamos a Torah Viva!
A tristeza é grande demais para as lágrimas, mas nosso coração ferido deve se erguer,
Como um só, para além das próprias dores!
Porque Ele Ressuscitou Verdadeiramente!
Cantemos então! Porque vosso irmão é um espelho, onde verei vosso semblante,
Embelezado por uma alegria que vós mesmos não conheceis,
E por uma tristeza que ainda não compartilhais!
Cantemos!
A trombeta, que sei ser Sua voz dentro de vossos peitos inertes,
Será o fim de vosso sofrimento,
E o início de vossa Paixão!
Sei disso!
Se me dissessem: “carrega a cruz desse homem!”,
Eu carregaria até que meu caminho terminasse no túmulo!
Se me exigissem: “negas Tua Ressurreição!”
Lhe imploraria que colocasse Sua mão em meu ombro!
Pois a amargura da morte é menos amarga que a vida sem Ele!
E eu, que O sigo, poderei suar sangue enquanto estiver atrás dEle,
Mas pelo menos meu espírito não jazerá ao sol!
Meu sangue encontra-se impaciente pela terra,
E meu espírito anseia em ser livre,
E anseia pelo encontro nos ares com o D-us que é Amor Infinito!
Ele me envolve,
Com uma concha envolve a pérola,
Como uma mãe que acalenta o filho que amamenta
Ele me conduzirá para onde que eu vá,
E meus olhos acompanharão seus passos!
Pois meu espírito tem sede dEle,
Como a boca que, no deserto, tem sede pela água.
E todas essas coisas vi em Sua Face.
Como poderia falar dEle?
Ele, que despertou meu coração para alturas além de minha estatura,
E para profundidades além de minhas sondagens...
Vede: a dor se foi! A batalha terminou! A estrela brilhou! O navio chegou ao porto!
Ele, que um dia gemeu por mim na gólgota,
Agora palpita em meu coração!
Beba esta poesia! Beba-a em recordação à sede que conhecemos juntos!
E também bebei, na esperança da vindima que se aproxima...

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