segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AMANDO-O MAIS DO QUE A VOCÊ, IREI TE AMAR MAIS DO QUE TE AMO AGORA!

Não existe nenhum alívio em amar, pois não há um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em passatempos e pequenos confortos, evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife - seguro, sombrio, imóvel, sufocante - ele irá mudar. Não será quebrado, mas vai tornar-se inquebrável, impenetrável, irredimível. A alternativa para a tragédia é a danação. O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos do amor é o inferno. Se nossos corações tiverem de partir-se, e se Ele escolher este como sendo o meio de parti-los, que assim seja.
“Ele, que é o Primeiro Verbo, me viu caído e prostrado...e me chamou de irmão. Logo eu, que era apenas uma sílaba esquecida num ontem qualquer...”. De minha parte, prefiro seguir Aquele que chorou sobre Jerusalém, sobre o túmulo de Lázaro e, me amando, chorou todas as outras vezes em que neguei Seu Nome. Prefiro cair, aos prantos, aos pés ainda feridos do Homem que suportou – por mim - a nuvem zumbidora de moscas ao redor da cruz, as costas esfoladas comprimidas contra a estaca rústica, os pregos atravessando nervos, a sufocação repetida e incipiente à medida que o corpo desfalecia, a tortura contínua das costas e dos braços quando é içado a fim de poder respirar. Quando contemplar Sua Face, saberei que sempre fui amado. Ele participou, fez, sustentou e moveu, momento a momento, interiormente, todas as nossas experiências terrenas de amor. Tudo o que era amor nelas, mesmo na terra, era muito mais dEle do que nosso, e nosso apenas por ser dEle.
E com isto, onde um livro poderia começar, o meu relato termina. Não ouso prosseguir. D-us sabe, e não eu, se jamais provei deste amor. Talvez só imagine o seu sabor. Aqueles como eu, cuja imaginação ultrapassa de longe a sua obediência, estão sujeitos a um castigo justo. E se apenas imaginei, será como brinquedos partidos e flores murchas? Talvez. Só sei que descobri em mim mesmo desejos os quais nada neste mundo podem satisfazer, e a única explicação lógica é que eu fui feito – com todo o amor do universo - para um outro mundo, o Jardim, não este Vale de Lágrimas.

Nenhum comentário: