terça-feira, 1 de junho de 2010

EM DEFESA DO VOTO NULO!

A democracia no Brasil se tornou um espetáculo televisivo. O eleitor escolhe candidatos como se estivesse escolhendo ovos de ouro numa prateleira de um supermercado caro, para depois descobrir que eles estavam podres, e o ouro era falso (para nós!). Os candidatos estão cada vez mais parecidos. A briga entre eles é falsa e serve apenas para que ainda haja esperança na atual maneira de se votar.

E para que eles continuem no poder.

Mas política não é só isso, não é só voto. Política é também pressão, participação e discussão (à exaustão, se necessário). Do modo como ocorrem as campanhas eleitorais e as eleições, entende-se – de maneira subliminar, pelos meios de comunicação – como uma leve sugestão apenas (ou um tapinha no rosto do eleitor), de que não há outra atitude política além do voto bi-anual.

Mas, do jeito que está hoje colocado, o voto tornou-se uma renúncia à liberdade. Não precisamos de líderes que nos imponham leis e criem regras que limitem nossos direitos.

Mas então, de que maneira um eleitor esclarecido poderia negar esse sistema?

Existem três opções: a primeira é o eleitor esclarecido se candidatando. Ora, todos sabem que não é possível mudar um sistema político por dentro. A política leva as pessoas à corrupção. (corrompendo, as pessoas mudam). Além do mais, não me parece ser uma boa saída o eleitor esclarecido se nivelar por baixo, junto com os demais políticos profissionais.

Seria mais fácil encontrar Wally . . .

A segunda opção seria bater panelas e fazer greves até que nossas reivindicações fossem atendidas ou, pelo menos, fôssemos ouvidos. Mas isso já não fazem os movimentos de esquerda hoje no país? Em que seríamos diferentes, se estamos fazendo a mesma coisa? Já há políticos profissionais que já fazem a mesmíssima coisa! É claro, por motivos não tão nobres, mas acabaríamos correndo o risco de sermos vistos como “farinha do mesmo saco” . . .

Existe uma terceira opção, que recusa o atalho fácil dos costumeiros debates político-eleitoreiros: o voto nulo.

Calma, calma! A situação não é tão feia como parece! O doente está travado, mas ainda há bastante hemoglobina no hospital! Suas condições são estáveis e ainda não há motivos para puxar a tomada . . . ao menos por enquanto.

Muitos dirão; “Ora, mas se os eleitores consciêntes e esclarecidos do Brasil anulassem seu voto, a eleição acabaria sendo decidida pelos menos esclarecidos, aqueles que, à moda de Esaú, vendem seu direito de nascença por um prato de lentilhas” (muitos são até mais baratos . . .). mas aí eu lhe pergunto: e se os eleitores-Esaú anulassem seus votos?

Se os eleitores conscientes anulassem o voto, a eleição seria decidida pelos menos esclarecidos. Mas, se estes anulassem, estaríamos livres dos corruptos!

Então, ora bolas! Deixem que o povo, a massa popular, fique descontentes com os políticos! Se o eleitor não está contente com nenhum candidato, tem o direito de anular! É uma escolha legítima como qualquer outra! Se o eleitor não conhece os candidatos, corre o risco de votar em corruptos. Portanto, sua melhor opção é anular!

A cada dois anos, somos convocados para limpar o convès do Titanic. E para quê? Eu me recuso a limpar! Me recuso a emprestar meus ouvidos para a bandinha que toca ao fundo! Me recuso a autorizar alguém a legislar em meu nome! Creio que tenho maturidade política suficiente para lutar pelos meus interesses, e pelos interesses de mais ninguém! Todos nós já atingimos essa maturidade. Falta só nos olharmos no espelho.

Lembrem-se: o voto nulo pode ser o único voto consciente que teremos nessa eleição.

Saudações!

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