sexta-feira, 23 de abril de 2010

O MELHOR BIG BROTHER DO MUNDO!

Para quem gosta de realities, tem para todos os gostos: desde o clássico An American Family no distante ano de 1973 até o atualíssimo O Aprendiz, da Record - já na sua terceira edição - passando por programas teens como o belíssimo America's Next Top Model até os bizarros, como o The Cast Offs, de péssimo gosto. Para apaixonados por realities como eu, existem até canais exclusivos em que só passam reality shows 24 horas por dia. Os melhores exemplos desse filão, ainda pouco aproveitado por aqui, são o Fox Reality e o Big Brother Channel, em que os aficcionados podem ficar até 25 (!) horas por dia, grudados na telinha, vendo esses shows televisivos em vários lugares do mundo.

Para o professor Newton Cannito, Doutor da USP, o segredo do sucesso dos realities se resume a muito mais do que o mero prazer voyeurista de "olhar pelo buraco da fechadura": o reality hoje é um produto televisivo multimidiático no sentido que não somos meros telespectadores passivos, mas participantes ativos de um jogo em que a televisão é apenas mais um canal, entre tantos (votações, twitter, sms, ...), que a produção oferece para que participemos; e metadramático, no sentido em que os programas tem a estrutura de uma novela (ficção), mas esse melodrama é debatido, discutido e questionado pelos próprios participantes. O professor Cannito, que também é diretor e roteirista, ainda vai além: shows televisivos transmidiáticos, "como Lost e Big Brother", geram relações equizofrênicas, pois há uma permanente ambiguidade entre "fazer amigos", pois o jogador-personagem não quer ser votado, e querer "eliminar o outro", pois sabe que só um vai vencer.

É aí, em minha opinião, que o atual formato de Big Brother, que temos no Brasil, vence disparado de todos os outros reality shows que temos pelo mundo: como essa "obra" é aberta, está em contínua construção, o jogo pode virar a qualquer momento: como os jogadores não podem tornar-se "vilões do jogo" nem para os companheiros de confinamento, nem para o público, eles tornam-se, a cada Eliminação, mais peças desse jogo e menos jogadores. E nós, torcedores desses participantes, a cada Paredão, mais jogadores e menos expectadores. Nesse Big Brother, fomos mais do que "Juiz", apenas assistindo tudo, para então decidirmos; fomos o "Sensor Moral", revalidando e condenando comportamentos e caráter dentro do jogo. O Big Brother deixou de ser apenas um jogo de personalidades para se tornar um concurso de Caráter.

Nesse sentido, aproximamos muito o jogo do que vivenciamos na vida (ou talvez aproximamos nossa vida do que foi o jogo. A ordem realmente não importa): vivemos, em nosso dia-a-dia, dentro de casa e fora dela, uma situação muito parecida com a dos BBB's: somos os juizes morais de uma simulação do jogo: nossas próprias vidas. Tomamos atitudes em prol de nossos interesses para "vencer" em nossa vida profissional e social. Mas, não importa o que façamos, nossa "imagem" tem que permanecer irretocável e limpa, se não não obteremos sucesso em nada.

Em nossa vida profissional, estamos sempre em uma situação instável, num jogo de regras mal-definidas, cercado de pessoas que mal conhecemos, e podendo ser "eliminado" a qualquer momento. Devemos ser capazes de entender rapidamente os códigos de comportamento dos nossos adversários, e agir em resposta, sempre articulando politicamente com a pessoa certa, para podermos "vencer". O que é isso, se não uma definição do Big Brother? E o que somos, se não o Jogador Ideal desse jogo?

Somos os participantes de um Big Brother: nossa vida! As escolhas que fazemos em nosso dia-a-dia definirão nossa vitória!

J.

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